O meu peito era o nordeste
Era de seca e peste
Era do coisa ruim
Mas o céu mudou de brilho
Chuva em pé de milho
Foi teu olho em mim
Engordurou o capim
Deu broto de alecrim

Terra de espinheiro torto
Ossada de boi morto
Era o meu coração
Mas o céu sangrou o açude
Abriu no solo rude
A flor de uma paixão
Pintou de verde o chão
No canto do azulão
Sertão não virou mar
Nem mar virou sertão

Virou foi horta e roçado
Lavra e plantação
Virou fazenda de gado
Cria de alazão
Virou foi moço alinhado e
Moça pela mão
Na dança do xaxado
Em roda de baião
Em chão que agente amar
Sertão não vira mar
Nem mar vira sertão

Composição: Paulo César Pinheiro / Sérgio Santos