São linhas de fuga no vão
O meu passo é de anseio e tensão
Na vista um clarão, um mural
Um estorvo, um esporro, um turbilhão

Um turvo impasse, a transversal
A língua em chamas, contramão

Manhã, um artista em jejum
Acrobatas sem pernas no sinal
Farsante é quem pensa em chegar
Sem o risco mortal a porto algum

São rotas que ilusão atrai
Moedas de um fugaz querer

Sem trégua a vida segue e vai

Entre frágeis manhãs
Indulgências de dor
Entre pânico e olor
Furor nos hologramas de Deus
Fervor, solidão

Sem trégua a vida segue e vai

Por escombros ali
Labirintos sem fim
Garatujas num muro azul
Tosco evangelho de amor
Rumor, carrossel

Sem mágoa a vidaquer viver

Composição: Felipe Cordeiro / Floriano / Jorge Andrade