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Entenda a evolução dos videoclipes até se tornarem o que são hoje

História da música · Por Renata Arruda

20 de Junho de 2020, às 19:00

Muita gente se pergunta sobre quais seriam os primeiros videoclipes na história da música. Não há um consenso: para alguns, os clipes teriam surgido junto aos musicais do cinema. Já outros acreditam que a origem estaria mesmo na televisão.

The Beatles
Os Beatles em Strawberry Fields Forever, clipe que revolucionou o mundo da música em 1967 / Créditos: Divulgação

Para responder essa questão, primeiro seria necessário definir o que caracteriza um videoclipe. Convencionalmente, é comum associarmos os clipes aos vídeos feitos para promover uma canção específica.

No entanto, esse tipo de produção audiovisual evoluiu tanto ao longo dos anos que hoje essa definição não é mais tão óbvia assim. Por isso, hoje vamos falar sobre o aperfeiçoamento e importância dos vídeos musicais. Vem ver!

O primeiro videoclipe da história

Como adiantamos, definir qual foi o primeiro videoclipe não é uma tarefa tão simples assim. Isso porque muitos consideram que cenas de musicais do cinema podem ser consideradas como pioneiras do que hoje se conhece como videoclipe.

Mesmo quem não assistiu a Cantando Na Chuva, clássico de 1952, conhece a inesquecível cena em que um entusiasmado Gene Kelly canta Singing In The Rain enquanto pula entre poças de chuva.

O que muita gente não sabe é que a música não foi composta originalmente para o filme, tendo aparecido pela primeira vez no cinema em 1929.

https://youtu.be/D1ZYhVpdXbQ

Assim, o vídeo musical acabou extrapolando os limites do cinema e eternizou a canção na mente do público.

Beatles e Queen: os pioneiros

Deixando o universo cinematográfico, pode-se dizer que, além de ser uma das bandas mais influentes de todos os tempos, os Beatles também foram pioneiros na história dos videoclipes.

Cansados de lidar com as plateias exaltadas que lotavam os estúdios de TV, o grupo passou a enviar gravações para os programas, substituindo as apresentações ao vivo. 

Além disso, em filmes como Hard Day’s Night, de 1964, e Help, de 1965, o diretor Richard Lester inovou ao fazer experimentações que misturavam cinema e música nas canções presentes nas obras.

O videoclipe de Strawberry Fields Forever

No entanto, é o vídeo de Strawberry Fields Forever, uma música recheada de significados profundos, que pode ser considerado como um dos primeiros videoclipes no formato como conhecemos.

Dirigido por Peter Goldmann, o vídeo foi lançado em 1967 e inovou não só por sua narrativa psicodélica, como também por ser o primeiro a mostrar uma nova imagem dos Beatles, diferente da que era conhecida até então, muito mais colorida e com personalidade. 

Foi considerado pelo MoMa de Nova York como um dos videoclipes mais influentes da década de 60.

A estratégia de marketing por trás de Bohemian Rhapsody

Outro grupo considerado pioneiro quando o assunto é videoclipe é o Queen. O vídeo de Bohemian Rhapsody, lançado em 1975, mostra uma apresentação da banda como se eles estivessem tocando ao vivo.

Diferente da iniciativa dos Beatles, que não tinham objetivos mercadológicos com o clipe de Strawberry Fields Forever, a produção do Queen foi pensada como uma estratégia de marketing, feita para ser reproduzido na televisão.

Assim, quando convidada para se apresentar em um programa de TV britânico, a banda substituiu a apresentação ao vivo pela gravação.

A criação da MTV

Ainda que as experiências pioneiras dos Beatles e do Queen tenham inspirado outras bandas a gravarem vídeos musicais ao longo dos anos 70, essas produções eram isoladas.

A chamada música com imagem, como é conhecida hoje, se estabeleceu após a criação da MTV, em 1981.

Voltada exclusivamente para a música, a emissora americana foi responsável pela explosões de produções do gênero e pelo fortalecimento do mercado, fazendo com que os anos 80 ficassem conhecidos como a década do videoclipe.

Videoclipes revolucionários

O primeiro videoclipe exibido no canal foi o Video Killed The Radio Star, da banda The Buggles, que apesar do título provocativo (O vídeo matou o astro de rádio), não teve grande expressividade. 

Os clipes só iriam se profissionalizar mesmo em 1982, após o lançamento do álbum Thriller, de Michael Jackson.

O rei do pop fez história ao ser o primeiro artista negro a conquistar espaço na emissora, e o sucesso do vídeo de Billie Jean não só alavancou a própria carreira de Michael Jackson como ainda abriu caminhos para outros cantores e cantoras negros.

Em 1983, o cantor lançou o videoclipe da canção Thriller, considerado como a primeira superprodução do gênero. 

Com 14 minutos de duração, o vídeo mostra um ataque zumbi e teve uma produção de peso, contando com direção de John Landis e narração de Vincent Price.

Relembre outros clipes revolucionários: 

Rio — Duran Duran

Voltando para 1982, outro vídeo considerado revolucionário é da música Rio, da banda inglesa Duran Duran.

Representante da estética da época, o clipe conta com elementos comuns às produções dos anos 80: um cenário paradisíaco, cavalos, modelos e tecidos esvoaçantes.

Justify My Love — Madonna

Como não podia deixar de ser, Madonna também teve uma participação importante na história dos vídeos musicais.

A cantora não só abriu portas para que mais videoclipes de mulheres ganhassem reconhecimento, como ainda quebrou tabus ao apostar em um vídeo erótico para Justify My Love, de 1990. 

Foi considerado ousado demais para a família americana e acabou sendo censurado pela MTV.

Os videoclipes no Brasil

Embora a MTV tenha chegado ao Brasil apenas em 1990, abrindo a sua programação com a exibição de um vídeo de Marina Lima cantando Garota de Ipanema, o primeiro videoclipe brasileiro foi gravado em 1975.

Estamos falando de América do Sul, protagonizado por Ney Matogrosso e exibido no Fantástico. 

Na época, o cantor não sabia que estava revolucionando o mercado: ele apenas não queria gravar o vídeo em estúdio, então a produção fez a filmagem de sua performance em uma floresta.

Outros videoclipes brasileiros marcantes são:

Segue o Seco — Marisa Monte 

O clipe da canção Segue o Seco, lançado em 1994, chamou a atenção por tratar do problema da seca no Brasil.

Diário de Um Detento — Racionais MC’s

Responsável por abrir espaço para o rap na MTV, Diário de Um Detento, de 1997, aborda o massacre do Carandiru.

Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero) — O Rappa

A produção cinematográfica de Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero), lançada em 1999, influenciou filmes que tratam da vida nas favelas e periferias do Brasil, como Cidade de Deus.

Os videoclipes nos dias de hoje

Nos dias de hoje, os videoclipes são essenciais tanto para a imagem dos artistas quanto como meio de divulgação da música

As produções se tornaram cada vez mais sofisticadas e o mercado ficou conhecido por abrir as portas para muitos cineastas em início de carreira.

Com a popularização da internet, os artistas foram deixando a lógica televisiva de lado e passaram a apostar em vídeos feitos sob medida para serem consumidos nas telas de computadores e smartphones

Assim, surgiram obras com tecnologia 3D ou em versões 360º e até mesmo vídeos interativos.

Realidade virtual e transmissão ao vivo

Um exemplo é o clipe de Stonemilker, da Björk. Gravado na Islândia e disponibilizado em versão 360º, é possível explorar o cenário do vídeo pelo YouTube com o cursor do mouse e assisti-lo pelo ângulo que desejar. 

Como se não bastasse, a obra ainda ganhou um aplicativo de realidade virtual para iOS.

Outra ação inédita foi o lançamento do clipe de Indecente, da Anitta. A cantora escolheu fazer a gravação do vídeo ao vivo, com transmissão pelo YouTube.

A iniciativa foi assistida em tempo real por 80 mil pessoas.

Nesta década também despontaram os álbuns musicais. São narrativas visuais em sequência que vão da primeira à última música. 

O formato não é novidade. A Hard Day’s Night (1964), dos Beatles, Tommy (1975), do The Who, The Wall, do Pink Floyd, e Eat To The Beat, da banda Blondie (1979), foram marcos no cinema e na música. 

Beyoncé e a volta dos álbuns visuais

Com o lançamento de Lemonade, em 2016, Beyoncé fez com que os álbuns visuais voltassem a fazer sucesso. Com 65 minutos, o trabalho foi dividido em onze capítulos, intercalando vídeos musicais e poemas da somaliana Warsan Shire.

#VidasNegrasImportam: uma análise de Formation, da Beyoncé 

Após Beyoncé, artistas como Justin Bieber, Frank Ocean, Anitta e Metallica, entre outros, aderiram ao conceito.

O sucesso de KondZilla

Com a migração dos videoclipes da TV para a internet e a facilidade de produzir obras com baixo orçamento, novos produtores começaram a surgir. Um exemplo disso é a produtora KondZilla, dona de um dos maiores canais de funk do país.

O canal começou timidamente em 2012, com apenas 3 vídeos lançados.

Porém, os clipes lançados pela KondZilla começaram a fazer tanto sucesso que o canal conquistou mais de 30 milhões de assinantes no YouTube e chegou a ter um bilhão de visualizações por mês.

O futuro dos videoclipes 

Você pode estar pensando: mas e daqui pra frente? Será que os artistas vão focar em clipes dançantes para tentar bombar no Tiktok?

Ou será que os videos vão se adaptar ao formato vertical para serem assistidos sem precisar virar o celular? Será que os lançamentos ao vivo por streaming vão se popularizar? Clipes gravados em casa vão se popularizar? 

Ainda não sabemos, mas as inovações já estão por aí e não vemos a hora de poder conferir tudo 🤩

Saiba mais curiosidades musicais

Curtiu saber mais sobre a evolução dos videoclipes? Então aproveita pra conhecer a história das capas de 8 álbuns clássicos dos Beatles, esses grandes pioneiros da música!

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