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Conheça o significado da música Tempo Perdido, da Legião Urbana

Analisando letras · Por Érika Freire

9 de Julho de 2020, às 12:00

Será que temos todo o tempo do mundo? Presente no álbum Dois, a música Tempo Perdido é um clássico da Legião Urbana, que faz o público entoar um lindo coro ainda nos dias de hoje. 

Legião Urbana
Créditos: Divulgação

Composta por Renato Russo, Tempo Perdido foi lançada em 1986. Na letra, Renato aborda a questão da passagem do tempo, a angústia que isso pode nos causar e até mesmo uma confusão mental em alguns momentos. 

Vamos nos aprofundar melhor sobre o significado da música Tempo Perdido? Vem com a gente! 

Significado da música Tempo Perdido

A música Tempo Perdido é mais uma canção na qual podemos notar a genialidade e sensibilidade de Renato Russo para falar dos desafios e angústias de viver. 

Renato Russo
Créditos: Divulgação

Como o próprio nome sugere, Tempo Perdido reflete sobre a nossa condição e passagem efêmera pela vida de forma pouco proveitosa. 

Viver a experiência aqui na terra é uma dádiva que poucos conseguem compreender, porque, infelizmente, fomos condicionados a não conseguir enxergar um propósito maior. 

A música fala sobre a dualidade entre ter e não ter tempo. Sobre acordar, dormir e não ter controle sobre ele.

Fala também sobre ser jovem e não poder aproveitar a vida com mais significado por conta das condições que nos são impostas desde cedo. 

Análise de verso a verso de Tempo Perdido

Todos os dias quando acordo
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo

A música Tempo Perdido é cantada em primeira pessoa, e o personagem analisa o tempo que passou enquanto esteve dormindo. Dá a ideia de que foi um tempo desperdiçado, mas que, ao acordar, ele está diante de novas possibilidades e, por isso, enfatiza que temos todo o tempo do mundo

Como o tempo é efêmero, tem dias que temos a sensação de que ele passou mais rápido e, em outros, mais demorado. Isso ocorre porque essa é uma percepção muito particular e relacionada à como cada um administra suas atividades. 

Todos os dias antes de dormir
Lembro e esqueço como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder

Neste segundo verso, o personagem reflete antes de dormir sobre as coisas que ele prefere lembrar ou esquecer. Mas, ao mesmo tempo ele percebe a importância de aproveitar o tempo que ainda lhe resta. É isso que o Renato parece querer nos dizer, porém de forma poética. 

Nosso suor sagrado
É bem mais belo que esse sangue amargo
E tão sério
E selvagem
Selvagem
Selvagem

Podemos compreender essa estrofe como uma crítica à relação que somos obrigados a ter com o trabalho. O suor sagrado é o esforço para se conseguir dinheiro com trabalho árduo, que consome praticamente o nosso dia todo. 

É o incômodo de Renato diante da exploração dos mais fracos pelos mais fortes, das leis, do obedecer esse sistema e de como tudo isso é selvagem, como ele repete ao finalizar a estrofe. 

Veja o sol dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega é da cor dos teus olhos
Castanhos

O personagem parece tentar tomar fôlego, renovar a esperança porque sabe que, mesmo em uma manhã cinza, nublada, o sol está lá. Ele repara na beleza das tempestades, como se estivesse reconhecendo alguém que ele ama através da cor dos olhos. 

A tempestade que está por vir pode trazer problemas, tristezas, mas, mesmo assim, é preciso sair e dar o duro que esperam da gente. Ninguém que sofre pode se dar ao luxo de permanecer em casa. 

Então me abraça forte
Me diz mais uma vez que já estamos
Distantes de tudo

Esta estrofe mostra a fragilidade de Renato e de todos nós quando a coisa aperta. Ele pede um abraço como forma de compreender que, mesmo com tanta coisa dando errado, ele quer sentir uma ilusão de que está distante de tudo.

É como aquela ideia de estar no mundo sem fazer parte dele. Abstrair e se colocar como um observador. 

Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo

Uma grande verdade que a música nos trás. Cada um tem o seu próprio tempo para compreender as coisas, para sentir, para acordar, para enfrentar, para desistir… Não tem como estarmos juntos no mesmo tempo. As experiências são individuais. 

Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora

Aqui, o personagem, mais uma vez, mostra a sua fragilidade. Diz não ter medo do escuro, mas é melhor deixar as luzes acesas. 

Podemos entender também como uma metáfora sobre a sabedoria, de tentar aproveitar o tempo para aprendermos com as nossas experiências. A luz é o conhecimento e permanecer na ignorância seria a escuridão. 

O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido

As aparentes contradições dos versos podem ser analisadas como a percepção que cada um tem do tempo. Ele pode ser visto como perdido para alguém que tem propósitos diferentes do nosso. 

Por isso, é algo tão pessoal e que deveria ser interpretado por cada um à sua maneira, e não com tantas regras e fórmulas milagrosas que vemos hoje em dia sobre produtividade e administração do tempo que visam enquadrar seres humanos. 

No caso da promessa, pode ser também mais uma crítica política, algo que sempre foi presente nas letras de Renato. O que foi prometido um dia como barganha pode facilmente ser desmentido depois. 

Somos tão jovens
Tão jovens
Tão jovens

E, finalizando a letra de Tempo Perdido, um grito que ecoa ainda hoje na garganta de jovens que sonham com um mundo melhor, com mais empatia, respeito e liberdade. 

A não-dominação dos poderosos sobre os oprimidos, porque se não fosse isso, todos estariam aproveitando o tempo que é seu de direito consigo mesmo, e não para fortalecer a vida dos mais ricos. 

Faça mais um mergulho no rock brazuca 

Gostou de nossa análise sobre o significado da música Tempo Perdido? Você concorda ou tem uma visão diferente? Conta pra gente! 

Agora que tal conhecer o significado de algumas de outras músicas do Legião Urbana?

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