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Saiba o que é o trap, ritmo que está dominando as paradas

História da música · Por Mateus Pereira Silveira

11 de Novembro de 2020, às 12:00

Criado no começo dos anos 2000, o trap é ainda um gênero recente no mundo da música, mas vem gerando um impacto grande e impulsionando a carreira de diversos artistas lá fora e aqui no Brasil. 

Combinando o uso de sintetizadores, melodias desalinhadas e novas onomatopeias, ele é uma variação do rap e usa elementos de outros ritmos, como os arranjos da música eletrônica, deixando as músicas mais dançantes. 

Assim como o rap, o trap carrega em sua letras versos sobre a desigualdade social e a violência, mas trata a realidade de forma mais crua e também aborda experiências pessoais, familiares, consumo de drogas e a famosa ostentação. 

Quer saber mais o que é o trap e como esse estilo virou um fenômeno nas rádios e nas plataformas de streaming? A gente conta tudo nesse post! 

O que é o trap e onde ele surgiu

Para entender o contexto em que o trap surgiu e as influências que ele carrega, é preciso compreender a suas origens. Na tradução literal, a palavra trap significa armadilha e também pode ser utilizada como uma gíria para indicar lugares perigosos dominados por traficantes. 

Essa expressão é bastante utilizada no sul dos Estados Unidos, região que é considerada o berço do trap e sofre com os altos índices de desigualdade social.

Em um cenário em que o rap e o hip hop fortaleciam suas raízes, o trap apareceu como uma mistura de ritmos que começou a ganhar mais espaço. 

A mistura de elementos, como as letras que exploravam a violência, os beats eletrônicos e a experimentação sonora, principalmente com o uso das caixas Roland TR-808, produzia efeitos instrumentais mais artificiais.

A música eletrônica e seus arranjos também foi essencial para que o trap criasse características claras e isso teve início com artistas como Juicy J e DJ Paul e suas mixtapes nos anos 2000. 

 Juicy J e DJ Paul
DJ Paul e Juicy J / Créditos: Divulgação

Ainda assim, levou mais algum tempo para que o gênero se tornasse popular. Ali por 2012, DJs e produtores começaram um movimento dentro da cena eletrônica, incorporando aspectos do trap em suas faixas e experimentando distorções estranhas e arrojadas. 

Entre eles, estavam Diplo e Baauer, que lançaram o viral Harlem Shake e dali para frente nada mais foi o mesmo.

A trap house despertou os olhares para a fonte original (rap e o hip hop) e assim nomes que antes eram apenas conhecidos na cena local passaram a conquistar o grande público. 

As diferenças entre o rap e o trap 

Chegamos ao momento daquela tradicional pergunta: o rap e o trap são a mesma coisa? 

Na verdade, o trap é um subgênero do rap, uma variação que guarda muitos pontos em comum. 

O rap nada mais é que a junção do ritmo com a poesia, conduzida por um flow que pode ser mais cadenciado ou rápido e que possui um conjunto mais melódico com a harmonização da parte lírica com a música. 

Enquanto isso, o trap é mais frenético, agitado e até mesmo estranho. Ele tem uma combinação mais simples entre música, sons, expressões dos cantores e a presença dos sintetizadores, que constroem toda uma atmosfera mais dançante devido aos elementos eletrônicos. 

Já nas letras, ambos costumam tratar de experiências parecidas, como a violência, o racismo e as dificuldades das periferias. No entanto, o rap surgiu como uma forma de uma minoria oprimida expressar seus anseios e questões sociais. 

O trap também possui uma vertente parecida, porém em uma outra vibe. É como se todos os desejos fossem ditos em um fluxo de consciência, em que os assuntos se misturam e às vezes ficam confusos.

A diferença é bem marcada pela forte intensidade presente dentro do trap. Os cantores geralmente expressam seus sentimentos de forma mais forte, abordando temas como problemas familiares, criminalidade, raiva, depressão e temas que afetam uma nova geração. 

Por isso, pode se dizer que o trap é uma atualização do rap e o fato de ambos estilos conviverem juntos mostra que um não anula o outro. Pelo contrário, eles combinam e juntos dominam as paradas mundo afora. 

Os principais cantores de trap 

Mesmo sendo um gênero novato na música, o trap conta com cantores que são verdadeiras celebridades, verdadeiros trapstars, seja lá fora ou aqui no Brasil.

Selecionamos uma lista com alguns deles para você acompanhar. Confira: 

Travis Scott 

Um dos artistas mais bem pagos do mundo, Travis Scott tem seu nome atrelado a marcas como Nike, McDonald’s e Fortnite, provando que o rapper sabe muito bem gerenciar a sua carreira

Conhecido por usar efeitos que distorcem a sua voz e por músicas com muitas variações de ritmo, Travis sempre aparece em alta em festivais e mantém seu sucesso com o público e crítica, superando números a cada lançamento. 

Matuê 

Se Atlanta é a capital do trap nos EUA, aqui é Fortaleza que desponta como um cenário promissor para artistas do gênero. 

É de lá que saiu Matheus Brasileiro Aguiar, o Matuê, que já faz muito barulho por aqui. Ele não apenas confirma o hype ao seu redor, como estabeleceu recordes impressionantes no país.

Em setembro o cantor lançou o álbum Máquina do Tempo e colocou seis músicas no Top 10 do Spotify Brasil, além de quebrar feitos no Youtube. Foi para chegar chegando! 

Lil Peep 

Com uma pegada mais voltada para o emo trap e inspirado por bandas de rock dos anos 90 e 2000, Lil Peep foi um dos mais promissores artistas do estilo. 

Sua angústia e sentimentos eram visíveis em seus versos, que tratavam de versos como suícidio, abuso de drogas e relações passadas.

Infelizmente, Lil faleceu por overdose em 2017, com apenas 21 anos, fazendo parte de outros talentos do trap que nos deixaram cedo demais, como XXXTentacion e Juice WRLD. 

Sidoka 

Cheio de atitude, Sidoka, ou Nicolas para os mais íntimos, traz toda a sua jovialidade para os palcos e se tornou um prodígio do trap nacional

Mais um artista fora do eixo Rio-São Paulo (ele é mineiro), Sidoka é daqueles que representam a vontade de vencer e que transpiram autoestima em suas composições. É como ele se define: um misto de deboche com ousadia. 😎

Future 

Natural de Atlanta, Future é um dos principais influenciadores de outros artistas no trap, sendo fundador da gravadora Freebandz.

Com faixas possuem um flow melódico que se encaixam em sua voz sussurrante, Future possui parcerias conhecidas com outros rappers, como Drake e Kendrick Lamar, assim como colaborações com cantoras pop, entre elas Rihanna e Ariana Grande. 

Raffa Moreira 

Conhecido também como Lil Raff, Raffa Moreira passou por outros estilos musicais antes de encontrar seu lugar ao sol no trap. 

Em suas canções, Raffa conta a realidade da periferia de São Paulo, assim como fala de desigualdade social e racismo. É visto como uma persona polêmica nas redes sociais, mas tudo não passa de uma imagem para promover o seu som. 

Migos 

Formado pelos primos Quavo, Takeoff e Offset, o Migos é a síntese da trap music. 

Nas músicas do grupo é possível notar os elementos do gênero, como os arranjos instrumentais, gírias únicas, um ritmo fluido e dançante, isso sem perder a essência do rap clássico como ele é conhecido. Enfim, é um mergulho na cultura do trap e do hip-hop

MC Igu

Para ampliar a pluralidade do gênero no Brasil, outro nome forte é o Igor Kuwahara, o MC Igu

Igor, que nasceu no Japão, chegou a São Paulo com 5 anos de idade e mergulhou na vibe da música brasileira. 

Ele já teve uma passagem pelo funk, mas hoje entrou para o mundo do trap, misturando versos com referências pop com passagens bem mais ousadas, se assim pode dizer. 

Cardi B 

Amada pelos brasileiros por ter a essência latina e ser praticamente um meme ambulante, Cardi B é uma das principais representantes femininas do trap

Ok, a rapper passeia por diversos ritmos, do reggaeton ao pop, e o trap não fica de fora no seu repertório. Com rimas agressivas e sem papas na língua, ela tem uma legião de fãs e segue sua carreira como uma das mulheres mais influentes do ritmo. 

MC Taya

Se os homens dominam o trap nacional, algumas artistas lutam por reconhecimento nesse nicho e estão trilhando os primeiros passos, como é o caso da MC Taya

Com composições que trazem rimas sobre sua vivência e crenças, ela coloca influências do funk e do rap para mostrar que a mulher negra também tem a liberdade para fazer a música do seu jeito. 

Ouça mais trap 

Agora que você já descobriu mais desse universo, confira essa playlist de trap com os maiores sucessos do estilo para curtir essa vibe. 

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