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Fazer loginHá aproximadamente 60 anos, surgia em Minas Gerais o movimento conhecido como o Clube da Esquina, resultado da amizade entre Milton Nascimento e os irmãos Márcio Borges e Lô Borges.
Embora muita gente acredite que tenha existido um clube de fato, isso nunca aconteceu: era chamada de Clube da Esquina a reunião de jovens músicos que acontecia no cruzamento das ruas Divinópolis com Paraisópolis, no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte.
Quer saber mais sobre a história do Clube da Esquina e o nascimento do álbum que hoje é um dos maiores clássicos da música brasileira? Então vem que a gente conta tudo!
O Clube da Esquina surgiu no início da década de 1960, em Belo Horizonte. Ao mudar-se para a cidade em 1963, Milton Nascimento, o Bituca, foi morar no Edifício Levy, onde vivia a família Borges.
Segundo Lô Borges, o primeiro encontro entre eles foi mágico: ao descer a escadaria do prédio para ir comprar pão, o músico, na época com dez anos de idade, ouviu alguns sons vindos dos andares de baixo.
Ao chegar no quinto andar, ele se deparou com Milton Nascimento tocando uma belíssima canção — assim começava uma amizade.
No entanto, Milton se aproximou primeiro dos outros irmãos, Marilton e Márcio Borges, que se tornou um dos letristas mais importantes para as suas primeiras composições.
Antes disso, o cantor já era amigo do pianista Wagner Tiso, com quem tocava no conjunto W’s Boys.
Nessa época, o ponto de encontro era a esquina das ruas Divinópolis com Paraisópolis, no tradicional bairro de Santa Tereza.
Além de Milton Nascimento, Lô Borges, Márcio Borges e Wagner Tiso, se reuniam também os músicos Fernando Brant, Nivaldo Ornelas, Toninho Horta e Paulo Braga. Nascia assim o Clube da Esquina.
Em seu DVD Intimidade, de 2008, Lô Borges conta que esse nome surgiu por acaso, após um amigo com melhores condições financeiras convidar os músicos para se divertirem em um clube frequentado pela classe alta da cidade. Então, um deles respondeu: “Nosso clube é aqui, na esquina!”.
Embora as reuniões do Clube da Esquina tenham começado nos anos 60, o álbum só aconteceu no início da década de 70. A história da primeira parceria entre Milton Nascimento e Lô Borges é inusitada. Segundo Milton:
Uma das lembranças mais fortes que eu tenho desse tempo foi quando eu percebi que o Lô tinha crescido, a gente chegou num bar lá em BH e em vez de refrigerante ele pediu uma batida de limão. Saímos dali e fizemos nossa primeira parceria, Clube da Esquina 1.
Ele conta ainda que, ao terminarem a composição, havia duas figuras paradas na sala: Márcio Borges, já rascunhando a letra da canção, e dona Maria Borges, mãe dos irmãos, que estava aos prantos.
Em 1972, Milton Nascimento já era um cantor aclamado no Brasil. Ele propôs à sua gravadora EMI-Odeon a produção de um álbum duplo, reunindo os músicos da vanguarda de Minas Gerais.
Milton convidou Lô Borges e Beto Guedes para participarem do álbum, que seria gravado no Rio de Janeiro. O grupo alugou uma casa em Piratininga, região de Niterói, e foi na praia de Mar Azul que escreveram quase todas as músicas do Clube da Esquina.
Com a entrada de Lô e Guedes, que tocavam em uma banda cover dos Beatles, o projeto ganhou uma base roqueira importante para a sonoridade do disco, cujo grande diferencial é a bem-sucedida fusão de gêneros como a bossa nova, o jazz e a música folclórica negra, além de pitadas de música erudita e hispânica.
Uma vez pronto, o álbum Clube da Esquina é assinado como uma parceria entre Milton Nascimento e Lô Borges, sendo creditado como o quinto da carreira de Milton e o primeiro de Lô Borges.
Músicas como O Trem Azul, Tudo O Que Você Podia Ser e Nada Será Como Antes fizeram com que o grupo se tornasse reconhecido como um movimento musical brasileiro mais importante depois da Tropicália.
No entanto, o disco não agradou a todos na época. Em seu livro Os sonhos não envelhecem: Histórias do Clube da Esquina, Márcio Borges escreve que:
Naturalmente, os críticos foram horríveis. Ficavam querendo comparar Bituca com Caetano e Chico Buarque, não entendiam nada daquele ecumenismo interracial, internacional, interplanetário, proposto pelas dissonâncias atemporais de Bituca.
Após o primeiro álbum, o Clube da Esquina lançou o Clube da Esquina 2, em 1978, com novos integrantes como Flávio Venturini e Murilo Antunes.
A icônica capa do álbum Clube da Esquina traz a imagem dos meninos Antônio Rosa Carlos de Oliveira, o Cacau, e José Antônio Rimes, o Tonho.
Eles foram clicados por Cafi enquanto o fotógrafo passeava em um fusca em uma estrada de terra em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro.
Em 2012, o jornal Estado de Minas encontrou os rapazes, que toparam recriar a famosa imagem.
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Conheça os principais integrantes do movimento:
Também conhecido pelo apelido de Bituca, Milton Nascimento já gravou 34 álbuns e é reconhecido internacionalmente como um dos mais influentes músicos brasileiros.
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Um dos fundadores do Clube da Esquina, Lô Borges é compositor de sucessos como Paisagem da Janela, Clube da Esquina nº 2 e O Trem Azul.
Irmão de Lô Borges, Márcio Borges é compositor de letras de músicas como Um Girassol da Cor do Seu Cabelo e autor dos livros Clube da Esquina – 40 anos e Os Sonhos Não Envelhecem.
O compositor Fernando Brant foi responsável por grandes sucessos em parceria com Milton Nascimento, como as canções Travessia e Maria, Maria.
Músico, produtor e arranjador, participou das gravações do álbum Clube da Esquina.
Um dos principais parceiros de Milton Nascimento, foi integrante da banda Som Imaginário e integrante do Clube da Esquina.
O músico mineiro foi o fundador do Clube Berimbau, casa onde os músicos do Clube da Esquina se reuniam durante os anos 60.
Paulinho Braga é reconhecido como um dos principais bateristas do país e integrou o conjunto Berimbau Trio, ao lado de Milton Nascimento e Wagner Tiso.
Em 2011, foi inaugurado o Museu Clube da Esquina, na mesma rua Paraisópolis do bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, onde surgiu o movimento.
O projeto foi idealizado por Márcio Borges e Cláudia Brandão, contando com acervo físico e visual, sala de vídeo, espaço para estudos e oficinas e bar com apresentações de músicos locais.
Para comemorar os 45 anos do álbum Clube da Esquina e os 40 anos do Clube da Esquina 2, os membros do movimento reuniram-se em 2019 para uma turnê inédita, que reuniu canções dos dois discos.
A ideia partiu de Augusto Nascimento, filho de Milton, que assinou a direção artística do espetáculo.
Com shows lotados e novos arranjos para canções como Paisagem da Janela e Um Girassol da Cor do Seu Cabelo, a turnê estreou em Juiz de Fora e passou por cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Lisboa, Paris, Amsterdã e Madri.
Durante a estreia, Milton Nascimento contou algumas histórias sobre o Clube da Esquina e dedicou à música instrumental Lília à sua mãe, dizendo que “essa música não tem letra, porque não existem palavras no mundo que possam definir a beleza desta mulher”.
Gostou de saber mais sobre o Clube da Esquina? Então aproveita para conhecer a história da música Travessia, clássico de Milton Nascimento!
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