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O hino do Nordeste: conheça a história da música Asa Branca

Analisando letras · Por Luiza Pérez

19 de Dezembro de 2019, às 19:00

Você conhece a história da música Asa Branca, também conhecida por muitos como o hino nordestino?

Asa Branca foi composta há mais de 70 anos e até hoje segue sendo um dos maiores clássicos da música brasileira.

Ela é uma canção de choro, gênero que leva alguns instrumentos bastante típicos como o violão de sete cordas, cavaquinho, flauta, bandolim e pandeiro.

Hoje, vamos te contar um pouco mais sobre o que se trata a música Asa Branca, para que você entenda melhor a importância desse clássico na nossa história. Vem com a gente!

História da música Asa Branca

Asa Branca foi escrita em 1947 por dois compositores nordestinos, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Os dois criaram a música nos estúdios da RCA no Rio de Janeiro, no dia 3 de março.

Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, compositores de Asa Branca
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira / Créditos: Divulgação

Fato curioso é que a canção não foi muito bem aceita pela gravadora a princípio, entretanto, por muita insistência de Gonzaga, eles acabaram cedendo e produzindo o que hoje é considerado o hino dos sertanejos.

E quando falamos de sertanejo, não é do estilo de música que toca nas rádios hoje em dia não! Sertanejo vem do sertão nordestino, que é o cenário no qual se passa a narrativa da canção.

Contando de forma rápida sobre a temática da música, Asa Branca fala sobre a luta e resistência do povo nordestino perante as secas severas do sertão na época.

Análise da música Asa Branca

Agora vamos pegar cada pedacinho da música Asa Branca e analisar passo a passo para que não falte nenhum detalhe interessante!

Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Já nos primeiros versos podemos entender que a terra ardendo qual fogueira de São João se refere ao contexto de seca em que se passa a narrativa da canção. As queimadas que destroem o solo, a fauna e a flora da região são comparadas às fogueiras das famosas festas juninas.

Vemos também um tom de preocupação e agonia do personagem da canção por ver a terra em que vive passando por tudo isso.

Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Por farta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

No começo dessa estrofe, novamente o autor se refere ao calor das queimadas com os termos braseiro e fornalha, e ressalta que nenhuma plantação conseguiu sobreviver diante dessas condições.

Logo depois, o personagem fala sobre a falta de chuva também ter acarretado a perda de seu gado e de seu cavalo alazão, que morreram de sede durante a seca.

Sertão nordestino
Créditos: Divulgação

Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração

Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração

Aqui pela primeira vez aparece o termo que dá nome à música. Mas o que é asa branca afinal?

Asa branca é, na verdade, uma ave, também conhecida como pomba-pedrês ou pomba-trocaz.

Além disso, essa ave representa a esperança para que chova, portanto, a sua fuga demonstra que não choverá por ali tão cedo. A esperança que o clima melhore se vai com a asa branca.

Pomba asa branca
Pomba-asa-branca / Créditos: Divulgação

Vendo que até as aves estão migrando do sertão, o personagem é forçado a migrar da região para ir atrás de oportunidades. Ele então dá adeus ao seu amor, Rosinha, para tentar a vida em outro lugar. 

Hoje longe, muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão

Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão

Nesta parte, o personagem está bem longe de seu lar e se encontra solitário, uma vez que teve que deixar a sua família para buscar condições melhores.

Mas, ao mesmo tempo, ele não deixa de ter esperança de que a chuva voltará a cair e ele conseguirá voltar para casa. 

Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração

Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração

Nestes últimos trechos, ele consola o seu amor prometendo que irá voltar assim que as coisas melhorarem e quando a chuva voltar, deixando as plantações vivas novamente e tão verdes quanto a cor dos olhos dela.

Asa Branca é um retrato da realidade vivenciada por várias pessoas no sertão na época e mostra, acima de tudo, a força dessas pessoas.

A Volta Da Asa Branca

Uma curiosidade é que Luiz Gonzaga criou a segunda parte dessa história, que conta a volta do sertanejo a seu lar.

Essa música se chama A Volta Da Asa Branca e mostra o fim da saga do personagem!

E viva o Rei do Baião!

Esperamos que você tenha se divertido nessa experiência de conhecer um pouco mais a fundo um dos nossos maiores clássicos brasileiros.

Para continuar nesse clima, conheça melhor a vida de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que criou Asa Branca e muitas outras canções incríveis.

Biografia Luiz Gonzaga