Conheça a biografia do Engenheiros do Hawaii, grande nome do rock

A década de 80 foi áurea para o rock nacional com muitas bandas de qualidade iniciando a sua trajetória. O Engenheiros do Hawaii faz parte desse celeiro, uma banda que era para durar uma noite, mas seguiu na estrada por 23 anos.

Um tanto à margem do que estava sendo produzido no rock brazuca nos anos 80, o Engenheiros do Hawaii se diferenciava até mesmo pela localidade, Porto Alegre, enquanto Rio, Brasília e São Paulo dominavam a cena. 

Quatro estudantes que curtiam ficar em casa discutindo Camus ou Andy Warhol criaram letras filosóficas, críticas e profundas, dignas de discussões em mesas de bar.

Amados por muitos e odiados por alguns, difícil mesmo é negar a importância, expressividade e contribuição dos Engenheiros para o rock nacional.

Para lembrar e celebrar a trajetória da banda, preparamos uma biografia dos Engenheiros do Hawaii que você pode conhecer a seguir.

Biografia do Engenheiros do Hawaii

A biografia dos Engenheiros do Hawaii começa lá em 1985, em Porto Alegre. 

No ano anterior, Humberto Gessinger, Carlos Stein, Marcelo Pitz e Carlos Maltz estudavam na Faculdade de Arquitetura da UFRGS. Como forma de protestar por conta da paralisação das aulas, os estudantes organizaram um festival e surgiu a ideia de se reunirem para tocar. 

Humberto Gessinger tocava guitarra e Carlos Maltz bateria e, mesmo não sendo amigos, acabaram unidos pela música. Naquele ano, a greve dos professores foi extensa e durou até janeiro de 85. 

O tempo foi suficiente para ensaiarem e cumprirem a promessa de serem a banda de abertura. Porém, acabaram se tornando a atração principal e fizeram o primeiro show no dia 11 de janeiro de 1985. 

A inspiração do nome veio como forma de ironizar os estudantes de engenharia, que tinham o costume de usar bermudas de surfistas, além de uma certa rivalidade com os estudantes de arquitetura.

Iniciava ali a trajetória de uma das bandas mais importantes do rock nacional. 

Começo despretensioso deu norte à trajetória da banda 

Até 1989, a banda passou por algumas mudanças de integrantes. O guitarrista Carlos Stein, por exemplo, ficou pouco tempo no grupo, pois precisou viajar. Mais tarde, ele acabou fazendo parte da banda Nenhum de Nós.

Em seguida, foi Marcelo Pitz que precisou sair por motivos pessoais, pouco antes do início das gravações do segundo disco. Foi aí que Gessinger assumiu o baixo e Augusto Licks entrou na guitarra. 

Mesmo sem muita pretensão, as portas foram se abrindo com certa facilidade para a banda e em menos de quatro meses da formação, emplacaram duas músicas na coletânea Rock Grande do Sul. 

O primeiro álbum, Longe Demais Das Capitais, saiu em 1986 e mostrava uma banda mais inclinada ao pop e ska.

Com músicas como Sopa de Letrinhas, Segurança e Longe Demais Das Capitais, o disco vendeu mais de 100 mil cópias, nada mau para um álbum de estreia. 

A Revolta Dos Dândis, o segundo trabalho, veio no ano seguinte e trouxe uma mudança no estilo, mais voltado ao rock progressivo e influências do rock dos anos 60.

Neste segundo disco, o Engenheiros do Hawaii apresentou três grandes músicas que permearam a trajetória da banda: Infinita Highway, Terra de Gigantes e Refrão de Bolero.

Para o jornalista e escritor Alexandre Lucchese, autor do livro Infinita Highway – Uma Carona Com os Engenheiros, o início despretensioso da banda mapeou o que ela se tornaria no decorrer da história. 

Por não serem grandes amigos, com aquela vontade louca de formar uma banda, o que costumava ser o mais comum, o Engenheiros conseguiu focar mais no trabalho.

Deixando um pouco de lado a intimidade, a parte profissional falou mais alto, resultando em excelentes músicas muito bem trabalhadas.

Grandes plateias, polêmicas e mais hits

Por manterem uma postura reservada, os integrantes do Engenheiros do Hawaii chegaram a ser taxados de arrogantes.

Eles costumavam ficar bem distantes da cena musical e até mesmo o fato de terem conquistado sucesso rápido causou incômodo. 

Chegaram a causar polêmica por terem se apresentado usando camisetas com desenhos da Estrela de Davi e foram taxados de direitistas.

Porém, apoiaram a campanha de Leonel Brizola à presidência da República, em 1989, com a realização de shows gratuitos.

Depois do lançamento de A Revolta Dos Dândis, a banda começa a viajar pelo país com shows sempre lotados, fora a participação em grandes festivais, como o Alternativa Nativa e o Rock in Rio II de 91, no qual foram a única banda brasileira a receber uma ótima crítica do New York Times. 

O terceiro disco, Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém, teve uma homenagem à banda britânica Pink Floyd na faixa Variações Sobre o Mesmo Tema, e trouxe outros destaques, como a clássica Somos Quem Podemos Ser, Tribos & Tribunais e Cidade em Chamas.

Mudança para o Rio e lançamento de Alívio Imediato 

Em 1989, a banda lançou seu primeiro trabalho ao vivo, uma reunião de canções importantes gravadas no Canecão, no Rio de Janeiro. 

Neste período, eles decidiram sair de Porto Alegre para morar no Rio de Janeiro. Em 1990, lançaram o quarto disco de estúdio, O Papa é Pop, marcado por uma nova mudança no estilo, com uso de piano elétrico e bateria eletrônica.

Do álbum, destaque para O Exército de um Homem Só, Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones, Pra Ser Sincero e a que dá nome ao disco, O Papa é Pop.

Várias Variáveis, Gessinger, Licks & Maltz e Simples de Coração são trabalhos de estúdio que vieram na sequência.

Gessinger Trio

A banda parecia caminhar muito bem até 1993, tanto que fizeram shows no Japão e nos Estados Unidos. Mas, o final do ano foi turbulento e o guitarrista Augusto Licks decidiu deixar a banda.

Discussões e brigas internas deram início a uma disputa na justiça pelo nome Engenheiros do Hawaii. 

Para reorganizar a banda, veio o guitarrista Ricardo Horn, além de Paolo Casarin, no acordeom e teclado, e o guitarrista Fernando Deluqui, ex-integrante do RPM. E foi com essa formação que lançaram Simples de Coração.

Em 1996, o líder e vocalista Humberto Gessinger decidiu fazer uma pausa com o Engenheiros e formou o Humberto Gessinger Trio ao lado do guitarrista Luciano Granja e do baterista Adal Fonseca. Chegaram a lançar um disco, embora a repercussão não tenha sido grande.

Até mesmo por conta da dificuldade em vender shows, uma vez que o peso trazido pela marca Engenheiros do Hawaii era enorme, eles voltaram a usar o nome original.

Lançaram então os discos de estúdio: Minuano, em 97, Tchau Radar! de 1999, Surfando Karmas & DNA, 2002, e Dançando no Campo Minado, de 2003.

Inspirações

A sonoridade da banda é bastante permeada por influências do rock progressivo, passando pela jovem guarda, bossa-nova e tropicalismo. Principalmente no primeiro disco, de acordo com críticos, era possível notar influências do The Police e Paralamas do Sucesso.

Já nas composições, os filósofos Nietzsche, Sartre e Camus, além de autores, como George Orwell, Carlos Drummond de Andrade, Moacyr Scliar, Ferreira Gullar e Rimbaud eram fontes de inspiração para escrever as letras.

Os Engenheiros do Hawaii também tiveram a oportunidade de gravar o Acústico MTV, em 2004. E lançaram seu último trabalho inédito em 2007, Novos Horizontes, entrando no ano seguinte em um hiato que já dura 13 anos, para tristeza dos fãs.

Se inspire em frases do Engenheiros do Hawaii 

Após conhecer um pouquinho da biografia da banda, sabemos o quanto o Engenheiros do Hawaii possui um repertório riquíssimo e com letras para refletir. 

Fizemos uma seleção de 35 frases incríveis do Engenheiros do Hawaii para você se inspirar e usar nas legendas das fotos.

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