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A história da música Eduardo e Mônica, do Legião Urbana

Analisando letras · Por Érika Freire

26 de Maio de 2020, às 12:00

Existe razão nas coisas feitas pelo coração? O grande Renato Russo acha que não e escreveu a história de um casal controverso, com características muito diferentes e que teria poucas chances de dar certo na vida real. 

Banda Legião Urbana
Créditos: Divulgação

A música Eduardo e Mônica se tornou um dos maiores sucessos da Legião Urbana e faz parte do álbum Dois, lançado em 1986. Desde então, a canção se tornou um marco na história da banda.

Os fãs simplesmente se apaixonaram pela história do casal que se conheceu em uma festa e acabou se casando e ainda tendo filhos gêmeos.  

E a história por trás da música, será que foi inspirada em algum fato real? Eles foram o típico casal perfeito ou será que rolou uma traição? É isso que vamos descobrir juntos. Bora lá? 

A história por trás da música Eduardo e Mônica 

Duas pessoas super diferentes que se apaixonaram, optaram por tentar e deu certo! O próprio Renato Russo, durante uma entrevista para um rádio, comentou que escreveu a letra de Eduardo e Mônica a partir de observações do cotidiano e estilo de vida dos jovens de Brasília:

Perguntam se Eduardo e Mônica existem, sim, eles existem, mas não são só duas pessoas, são várias pessoas. Todas as meninas e mulheres que eu gosto e que a gente conhece em Brasília, que são meninas espertas com coração e a cabeça aberta. Entrou um pouquinho de cada uma na Mônica; e o Eduardo é a mesma coisa. A Mônica é uma menina mais velha e o Eduardo são todos aqueles carinhas que a gente se amarra.

Apesar da explicação do cantor, mais adiante na entrevista, ele acaba admitindo que sim, o Eduardo e a Mônica existem, mas ele não podia revelar por um pedido do próprio casal. 

Anos mais tarde, os fãs finalmente mataram a curiosidade e foi revelado que a Mônica da vida real se chama Leonice de Araujo Coimbra. Conhecida como Léo, foi uma grande amiga de Renato que, na época, tinha começado a namorar um carinha mais jovem e acabou se casando com ele. 

A ideia de Renato era criar algo pra cima, já que muitas pessoas comentavam na época que as músicas da Legião Urbana eram muito pessimistas.

Renato Russo
Créditos: Divulgação

E foi assim que surgiu a letra de Eduardo e Mônica, com o intuito de falar sobre muitas Mônicas e muitos Eduardos que acreditam que o amor é mais importante, mesmo diante das diferenças e das dificuldades. 

Análise da música Eduardo e Mônica 

Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

O primeiro verso da música apresenta um questionamento sobre se há ou não razão nos assuntos do coração. 

Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade, como eles disseram

No segundo verso, a letra começa a contar a história, abordando primeiramente o personagem Eduardo, que ainda estava na cama. No mesmo momento, Mônica estava estava do outro lado da cidade tomando conhaque. 

Observe que a intenção do compositor é deixar logo claro o quanto os dois são diferentes, sendo Mônica muito mais descolada ao tomar bebida alcoólica ainda pela manhã. 

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse
Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir

A seguir, a letra chega ao encontro dos dois, que aconteceu meio sem querer durante uma festa, onde eles conversaram bastante.  

Festa estranha, com gente esquisita
Eu não tô legal, não aguento mais birita
E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
É quase duas, eu vou me ferrar

Durante o diálogo, Eduardo comenta com Mônica que não se sente bem ali e não aguenta mais beber.

A Mônica ri e parece notar que o Eduardo não combina muito com aquele ambiente de bebedeira. São quase duas da manhã e ele só quer ir pra casa. 

Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard

Ainda deu tempo deles trocarem telefone para marcarem um encontro. Eduardo, tradicional, sugeriu uma lanchonete.

Já a Mônica, amante das artes, queria ver o filme do cineasta francês Jean-Luc Godard.  

Se encontraram, então, no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo

Parece que eles não chegaram a um acordo e acabaram marcando de irem ao parque da cidade. A Mônica chegou de moto e o Eduardo de bicicleta (sim, o camelo é uma gíria bem comum em Brasília que significa bicicleta). 

Ele nota que a menina está com tinta no cabelo, fato que pode sugerir a inspiração na amiga Leo Coimbra, que se tornou artista plástica.  

Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês

Nesta estrofe, o compositor afirma a diferença entre Eduardo e Mônica, dizendo que não eram nada parecidos. 

Ele tinha 16 anos e ainda devia estar fazendo aulas de inglês no ensino médio enquanto ela já estava na faculdade de Medicina. 

Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol de botão com seu avô

Fica nítida a paixão de Mônica por artes em geral: poesia, artes plásticas e música. Já o Eduardo gostava de novela e futebol de botão. 

Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema
Escola, cinema, clube, televisão

Enquanto ela gostava de falar sobre política, magia, meditação, assuntos super amplos e diversos, o Eduardo continuava em uma rotina mais adolescente, de ir pra escola e ver TV. 

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser

Mas, mesmo assim, eles continuaram se encontrando, a vontade de ficar junto foi aumentando. 

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro, artesanato, e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar

A relação ficou mais séria, ele começaram a fazer cursos juntos de fotografia e aulas de natação.

Acabaram indo viajar e a Mônica se mostrava com uma espécie de líder da relação, explicando para o Eduardo coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar. 

Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar (não!)
E ela se formou no mesmo mês
Que ele passou no vestibular

Com a influência de Mônica, Eduardo começou a se soltar mais. Aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer e até arrumou um emprego e entrou pra faculdade! 

E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz

Como todo casal, eles comemoraram juntos, brigaram algumas vezes, mas continuaram firmes. É nítido que eles estavam apaixonados e curtindo a companhia um do outro.

Construíram uma casa há uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana, seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram

Nesta estrofe, a música dá um salto no tempo e dá a entender que Eduardo e Mônica agora já se casaram, construíram uma casa e tiveram filhos gêmeos. Venceram juntos algumas dificuldades. 

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias, não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação

Provavelmente, passaram um tempo fora de Brasília e voltaram alguns anos depois. Renato comenta que sente falta da amizade do casal no verão. 

Em seguida, conta que eles não vão viajar porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação. E é nesta frase que ocorre uma polêmica que talvez a gente nunca vá conseguir compreender: por que Renato menciona o filhinho do Eduardo apenas? 

Os fãs levantaram a hipótese de que não é um filho do casal, ou seja: de que o Eduardo teve um filho fora do casamento. Mas a música não confirma nada disso, e pode ser que a expressão filhinho do Eduardo seja usada somente para demonstrar que o filho se parece muito com o pai.

Em qual dessas hipóteses você acredita mais? Conta pra gente nos comentários!

E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

A letra finaliza como uma espécie de círculo, voltando ao questionamento da primeira estrofe. 

Eduardo e Mônica inspirou propaganda e filme

Uma grande obra nunca estaciona. Ela continua servindo de inspiração ao longo da história e com Eduardo e Mônica não foi diferente.

Em 2011, a música serviu de tema para um vídeo de propaganda da operadora Vivo que deu o que falar e acabou viralizando na época.

Para 2020, a previsão é que seja lançado o longa-metragem inspirado na música da Legião Urbana.

Mônica será interpretada pela atriz Alice Braga e Eduardo pelo ator Gabriel Leone. 

Confira a seguir o trailer oficial do filme Eduardo e Mônica

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