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Por dentro da biografia de Luiz Gonzaga

Biografias · Por Rafaela Damasceno

8 de Agosto de 2019, às 07:00

Mesmo que você diga que não conhece Luiz Gonzaga, provavelmente já deve ter ouvido alguma de suas músicas. O famoso Rei do Baião tem uma coleção de canções marcantes na vida dos brasileiros. Além disso, ele exerceu grande influência na valorização da cultura nordestina em todo o país. 

Cantor Luiz Gonzaga
Créditos: Divulgação

Por esses motivos, é essencial conhecer sua história, tanto musical, quanto pessoal. Por isso, vamos te contar quem foi Luiz Gonzaga e como ele conseguiu levar o baião, o xote e o xaxado para os quatro cantos do Brasil. Acompanhe! 

Apaixonado pela sanfona desde menino

Nascido em 1912, em Exu, Pernambuco, Luiz Gonzaga recebia influências musicais em sua família desde a infância. O seu pai, mestre Januário, era conhecido na região como o “sanfoneiro de oito baixos”. Ao lado dos seus sete irmãos, o cantor trabalhou desde muito cedo, mas gostava mesmo era de escutar o pai tocar sanfona. 🎶

Aos 13 anos, com o dinheiro que recebeu do trabalho na fazenda, conseguiu comprar a sua primeira sanfona. Aos poucos, as pessoas começaram a chamá-lo para tocar em festas e ele foi percebendo que a música era o seu destino. 

No final da adolescência, aos 17 anos, Luiz Gonzaga fugiu de casa e resolveu tentar a vida em Fortaleza, capital do Ceará. 

Então, ele vendeu a sanfona e se alistou no Exército para tentar melhores condições de vida. Como soldado, viajou por todo o Brasi, mas ele não conseguiu largar de vez a música, então aos poucos voltou a se apresentar ao público.

Trilhando seu caminho no mundo da música 

Certo de que a música era o seu caminho, Luiz Gonzaga deixou o Exército em 1939 e resolveu retornar a Pernambuco. Depois de nove anos longe de casa, já era hora de dar notícias à família.

Mas, no Rio de Janeiro, enquanto aguardava o navio para o Nordeste, o cantor foi aconselhado por um soldado a ganhar dinheiro como músico. Assim, desistiu de voltar pra casa e começou a se apresentar nas ruas, no porto e em alguns bares cariocas. 

Depois de um tempo no Rio, começou a ser convidado para fazer shows em alguns cabarés da Lapa. Naquela época, o seu repertório seguia o gosto do público: tango, bolero, valsas. E foi com um desses ritmos que Luiz Gonzaga participou do seu primeiro programa de calouros no rádio, sob o comando de Ari Barroso e Silvino Neto. 

Apesar do sucesso na noite, a nota de Luiz Gonzaga no programa de calouros não passava de 3. Foi então que um grupo de estudantes cearenses o aconselhou a focar nos ritmos de sua terra. O retorno às raízes foi surpreendente e lhe rendeu uma nota 5 e o prêmio de primeiro lugar! Com certeza foi merecido, né? 😉

A música escolhida foi Vira e Mexe, de sua autoria. Confira a seguir a gravação original: 

As primeiras gravações

Com o sucesso do programa de rádio, Luiz Gonzaga começou a ficar conhecido no meio musical. Em 1941, recebeu o convite de Januário França para gravar um disco com Genésio Arruda. O trabalho do artista foi tão elogiado que ele acabou sendo convidado para a gravação de um disco solo, pela RCA Victor.

Ainda em 1941, Luiz Gonzaga gravou dois discos como solista de sanfona. Nos anos seguintes, ele gravou aproximadamente 70 músicas, fez carreira no rádio e começou a lutar para levar a música nordestina a todo o país.

Luiz Gonzaga: cantor e sanfoneiro

Demorou um pouco, mas Luiz Gonzaga finalmente conseguiu gravar uma música como cantor e sanfoneiro. Dança, Mariquinha foi a sua primeira composição e lhe rendeu uma amizade duradoura com Humberto Teixeira.

Ao lado dele, gravou sucessos inesquecíveis, como Baião, Asa Branca e Paraíba. São letras que valorizam a cultura do Nordeste e apresentam aos brasileiros as belezas dessa região. Olha só:

Os amores do sanfoneiro

O que era para ser uma espera de poucos meses no porto do Rio de Janeiro acabou se transformando em uma carreira musical de sucesso. Em terras cariocas, além da fama, Luiz Gonzaga também conheceu a sua primeira esposa, Odaléia Guedes dos Santos. Foi com ela que ele teve o seu primogênito, Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha

Luiz Gonzaga, Gonzaguinha e Odaléia Guedes
Luiz Gonzaga com Gonzaguinha e Odaléia Guedes / Créditos: Divulgação

Mais tarde, em 1946, o artista conheceu a sua segunda esposa, Helena Cavalcanti, uma professora pernambucana. Os dois se casaram no ano seguinte e ficaram juntos até o fim da vida de Luiz Gonzaga. Com Helena, o cantor adotou uma menina, Rosa Gonzaga. 

Helena Cavalcanti, Luiz Gonzaga e sua filha adotiva, Rosa Gonzaga
Helena Cavalcanti, Luiz Gonzaga e sua filha adotiva, Rosa Gonzaga / Créditos: Divulgação

Ainda em 1947, Odaléia faleceu de tuberculose. O menino Gonzaguinha tinha apenas dois anos e meio. A partir daí, foi criado por seus padrinhos de batismo, mas Luiz Gonzaga o sustentava financeiramente. 

Luiz Gonzaga e Gonzaguinha

A relação de pai e filho sempre foi conturbada. No entanto, apesar das dúvidas em relação à paternidade e das diferenças entre os dois, Luiz Gonzaga e Gonzaguinha fizeram as pazes na década de 1970. 

Em 1979, a dupla chegou a gravar algumas músicas juntos e a fazer shows pelo Brasil. Confira esta interpretação emocionante de A Vida do Viajante 😍: 

A Volta da Asa Branca

Depois de tantos anos longe de casa, Luiz Gonzaga resolveu retornar a sua cidade natal. Em 1946, apresentou-se em vários programas de rádio recifenses e decidiu levar os seus pais para morar com ele no Rio. 

Em 1949, voltou novamente a Recife e, naquele ano, conheceu Zé Dantas, com quem gravou muitas canções que marcaram a sua carreira. Entre elas, Vem Morena e A Volta da Asa Branca

O sucesso do Rei do Baião

Luiz Gonzaga se consolidou como um grande artista brasileiro e fez shows por todo o país. Em 1980, cantou para o Papa João Paulo II, em sua visita ao Brasil.

Luiz Gonzaga em sua apresentação para o Papa João Paulo II
Luiz Gonzaga em sua apresentação para o Papa João Paulo II / Créditos: Divulgação

Ele também se apresentou em Paris, além de receber, ao longo de toda sua carreira, vários prêmios, com destaque para o Nipper de ouro e mais dois discos de ouro. 

O artista faleceu em 1989, vítima de uma parada cardiorrespiratória, aos 77 anos. Pelo seu legado, recebeu e ainda recebe muitas homenagens no Brasil e no mundo.

Em 2012, ano do centenário do nascimento de Luiz Gonzaga, ocorreram várias comemorações. Foi lançado o filme Gonzaga: De Pai Pra Filho, que narra a história de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha e a Escola de Samba Unidos da Tijuca o homenageou em seu samba enredo. 

Capa do filme Gonzaga: De Pai Pra Filho
Capa do filme Gonzaga: De Pai Pra Filho / Créditos: Divulgação

Legado de Luiz Gonzaga

Agora que você já sabe um pouco sobre a trajetória e da biografia de Luiz Gonzaga, que tal conhecer ainda mais o seu legado musical? Ouça agora mesmo as músicas mais ouvidas do Rei do Baião