Aparelhagem do Pará: entenda o que são essas festas musicais

Você já ouviu falar sobre as festas de aparelhagem? Originadas no Pará, elas fazem parte da cultura musical do estado e têm ganhado cada vez mais força nos últimos anos.

Como forma de divulgação dos principais ritmos musicais paraenses, em especial o tecnobrega, essas manifestações estéticas e rítmicas vão muito além da diversão e também se constituem como uma importante fonte de renda para os habitantes das periferias de Belém.

Se você já conhece as festas de aparelhagem do Pará, vem saber um pouco mais sobre elas. Mas, caso nunca tenha ouvido falar delas, chegou a hora de aprender mais sobre essa manifestação cultural genuinamente brasileira! 😉

O que é a aparelhagem do Pará?

Mesmo que o paraense nunca tenha frequentado uma festa de aparelhagem, ele com certeza já ouviu falar ou passou perto de uma, em algum momento de sua vida. Afinal, elas já estão presentes na história do Pará há muitos anos. Confira, a seguir, tudo sobre a origem desse movimento.

A origem da aparelhagem 

Entre as décadas de 1940 e 1950, a aparelhagem surgiu em Belém. Na época, ela era formada por um projetor de som, chamado de “boca de ferro”, conectado a um ou dois toca-discos. 

Essa aparelhagem das antigas recebia o nome de “sonoro” e, em alguns lugares, a expressão “equipe de som” também era usada como sinônimo de aparelhagem. 

Essa estrutura estava presente em contextos bem aleatórios, desde comércios de rua, para atrair clientes, até os bailes da periferia da cidade, com o objetivo de melhorar o acesso das músicas ao povo que não tinha condições de frequentar uma festa privada. 

A música brega e os bregões

Foi só a partir de 1970 que os sonoros passaram a ser chamados de aparelhagens. Esses equipamentos começaram a ser transportados para vários locais, em espaços abertos – os bregões -, ou em clubes sociais. Nessa fase, o intuito principal era divulgar a música brega. 

Assim, esse estilo musical, que era tão famoso no estado, podia ser ouvido em vários ambientes, por paraenses de todas as classes sociais. Foi assim que surgiram as festas de aparelhagem, que até hoje fazem muito sucesso na região e até ganharam notoriedade nacional. 

As primeiras aparelhagens do Pará

A Sonoro’s Garajá foi a primeira aparelhagem de Belém. Nessa época, o som era controlado por um DJ, que tinha a função de “controlista”. Já a apresentação era conduzida por um locutor, que dava voz ao sonoro, apresentando as faixas que eram tocadas. 

Nesse período, o estilo que dominava as aparelhagens era o brega paraense. Aos poucos, com o surgimento do tecnobrega, as canções ficaram ainda mais variadas e outros ritmos foram incorporados. 

A festa de aparelhagem hoje

Com a evolução da tecnologia dos equipamentos de som, as aparelhagens do Pará foram evoluindo dos toca-discos à música digital, passando pelo CD e pelo MP3 player. Além disso, o controlista mudou de nome e começou a ser chamado de DJ. 

Nos eventos, as estruturas ficaram cada vez mais tecnológicas e hoje contam com painéis de LED, efeitos pirotécnicos, raios de luz que saem dos instrumentos e amplificadores de alta capacidade. A estrutura é tão grande que a sua montagem pode levar cerca de 5 dias para ficar pronta. 

Quanto ao estilo musical, a presença do tecnobrega é indispensável. Mas outros ritmos também fazem parte da festa, como o funk, o forró e o pop internacional.

Além de ter se tornado uma legítima expressão da cultura paraense, as festas de aparelhagem também são objeto de estudos acadêmicos. Inúmeras dissertações de mestrado e doutorado já foram publicadas para analisar a importância social e econômica dessas manifestações, que crescem a cada dia. 

O que é o tecnobrega nas periferias de Belém, no Pará?

O tecnobrega é o principal estilo produzido no Pará. Vale a pena conhecer mais sobre esse elemento importante da cultura do estado:

A origem do tecnobrega

A localização do Pará foi crucial para a criação do tecnobrega no estado. Por estar localizado na fronteira com outros países, muitos estilos caribenhos chegavam nas rádios da região muito antes de sucessos da música nacional. Então, a lambada, a cumbia e o merengue sempre tocavam nos primeiros sonoros.

Foi essa fusão de ritmos que proporcionou a criação do brega paraense, que recebia influências do brega da Amazônia e do restante do Nordeste. Assim, a partir da década de 1970, ele começou a ser o estilo mais popular nas periferias do Pará, mesmo que produzido com poucos recursos. 

Ao longo dos anos, os músicos continuaram a criar composições para as festas de aparelhagem nas periferias, incluindo aos poucos mais tecnologia às canções. Foi então que surgiu o tecnobrega, no final de 1999 e início de 2000.

O que é o tecnobrega

O tecnobrega é um estilo animado e dançante, que conta com recursos computacionais para manipular sons e fundir o brega com outros estilos bem diferentes, como o funk e o sertanejo, por exemplo. Geralmente, são usadas músicas famosas que o público já conhece e novos arranjos, que transformam as faixas originais em novas canções.  

Há também algumas canções do tecnobrega que tem o ritmo de sucessos internacionais com letras em português. Essa prática de composição, inclusive, era realizada pela cantora Gaby Amarantos, no início de sua carreira. 

Quais são as maiores aparelhagens do Pará?

Você já se perguntou qual é a maior aparelhagem do Pará? Essa é uma pergunta difícil de responder, afinal, de acordo com a Polícia Civil do estado, existem hoje cerca de 800 aparelhagens na região metropolitana de Belém. 

Mas esse número pode ser ainda maior. Segundo a Associação Profissional das Aparelhagens Sonoras e Festeiros do Estado do Pará (APASEPA), estão cadastradas mais de 1000 aparelhagens em todo o estado. 😱

Nos últimos 20 anos, algumas delas se destacaram mais, tanto em tamanho, quanto em público. Saiba agora quais são elas:

Cyborg, o Som do Futuro

Vários músicos já compuseram faixas para a aparelhagem Cyborg, o Som do Futuro. Uma delas é Cyborg, da Banda Ravelly:

Cyclone, o Furacão da Amazônia

A Banda Quero Mais é um dos principais nomes do brega paraense. E ela lançou Ciclone em homenagem a mais essa aparelhagem icônica, considerada o Furacão da Amazônia:

Meteoro, o Incomparável

Conhecido como o Incomparável do Pará, o Meteoro já trabalhou com vários artistas. Uma delas é Iza Show, que produziu a canção Meteoro especialmente para essa aparelhagem:

https://youtu.be/xMxtk7_Peho

Ouro Negro, o Som das Marcantes

Mais uma da Banda Quero Mais, desta vez para Ouro Negro, o Som das Marcantes. Confira este hit do tecnobrega:

Príncipe Negro, Mega Príncipe

Em Mega Príncipe Negro, do Bruno e Trio, temos uma noção da potência e da importância das aparelhagens para os paraenses:

Crocodilo, o Animal 

O Crocodilo ficou bem conhecido durante a pandemia, quando promoveu uma live para ajudar os trabalhadores da sua aparelhagem. Com certeza não faltou a faixa Crocodilo, da banda Tecno Show:

https://youtu.be/KLdW-0RXPyM

Badalasom, Búfalo do Marajó

O Badalasom é considerado o Búfalo do Marajó. A Banda Pérola Negra soube honrar muito bem essa aparelhagem, com a música Eu Vou Pro Búfalo do Marajó:

Tupinamba, o Guerreiro Treme Terra

O Guerreiro Treme Terra é uma figura importante da umbanda. No caso dessa aparelhagem, a ideia foi trazer a força e a imponência do Tupinambá para a estrutura de som. 

Rubi, o Lendário

Com mais de 70 anos de existência, Rubi, o Lendário tem uma longa história na cultura paraense.

Super Pop / Pop Som

A aparelhagem Super Pop começou nos anos 1980, com o nome de Big Som Progresso. Ela também teve o nome de Pop Som durante um tempo. 

Quais são os principais gêneros musicais brasileiros?

O brega e o tecnobrega são os estilos mais tocados nas festas de aparelhagem do Pará. Mas, além deles, outros gêneros se originaram no Brasil e fazem parte da nossa cultura musical.

Pensando nisso, que tal conhecer os principais estilos musicais brasileiros? 

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