Meu rosilho se resolve topar parada comigo
Não há quem diga pra ele que nós dois semo amigos
Vem da invernada rachando num estadão que é uma tronqueira
E passa a noite escarceando pra adelgaçar na mangueira

De manhã quando me aprumo não tem forma e nem costeio
Nem um canto da mangueira pra chegar e botar o freio
Erra o coice o meu rosilho, murcha a orelha e sai pros lados
Só porque passou uns dias pastando com uns aporreados

Parece que não conhece o fio e a força da espora
Ou não se lembra direito dos mangaços campo a fora
Dos arreios bem cinchados, bocal, maneia e rendilha
De quando quis corcovear depois da primeira encilha

Se topou mal o meu rosilho que eu também tenho os meus dias
Quando eu durmo destapado e a noite implica em ser fria
Porque eu não sou muito manso e se me acordo do avesso
Não te tiro pra compadre e tu me paga esse preço

Não sei porque o reboliço na mangueira se negando
Pra depois sair que é um gato pelo potreiro tranqueando
Crioulo de marca e sangue que me veio por regalo
Da Estância da Guajuvira mil gracias pelo cavalo!

Composição: Abramo Machado / Rodrigo Lopes de Mendonça