Seis e quinze da manhã
E um gole na garrafa
A cachaça é um modo
De poder seguir

Essa ironia do destino
Que não tem mais graça
O sonho, a raça
Quem pode desmentir?

Paralelas de cimento
Perpendiculares
Asfalto e dizeres
A males que só fazem mal

Essas selvas de cimento
Que trazem pesares
O ar rarefeito
Cinzas de um caos

Quem vai nos aplaudir?
Quando o dia chegar ao fim
Quem vai agradecer?
Quando o prédio subir
E a escada rolar

Todo rosto que caminha
E vive sem nome
O cheiro de sonho
A dor vai cobrir

Vida simples de desejo
Aperta o peito e nada
Contando moeda, seca a goela
E fica só

Paralela de cimento
Tonos musculares
Calados e secos
A males que só trazem mal

Essas selvas de cimento
Globos oculares
Sufocam sujeitos
Cinzas de um caos

Composição: Hugo Ubaldo / Luana Santana